terça-feira, 19 de agosto de 2014

Reverendo Dooling



O já retirado da NBA como jogador, Keyon Dooling decidiu publicar um livro intitulado "What's Driving You???". Através do excerto tonado público conseguimos ter acesso à perspectiva do jogador, principalmente enquanto jogador dos Celtics, contratado para ser tutor de Rajon Rondo.

Dooling entrou na NBA ao serviço dos Los Angeles Clippers em 2000, passou pelos Heat, Magic, Nets, Bucks e Celtics. Retirou-se, aceitou um cargo de treinador em Boston, mas os joelhos ainda podiam e por isso regressou para jogar mais uma época nos Memphis Grizzlies. E depois sim, retirou-se.

O ponto alto da carreira foi o tempo que passou em Boston. Tal como descreve no livro, Dooling aterrou nos Celtics de Kevin Garnett, Ray Allen, Paul Pierce e Rajon Rondo. Este último havia sido All-Star pela primeira vez na época anterior, e Dooling havia sido contratado para suplente do base. A missão de Dooling fora de campo era ser mentor de Rondo. Foram colocados lado a lado no balneário propositadamente inclusive. Os Celtics não deixavam nada em mãos alheias.

"Eu tinha ouvido tantas histórias sobre o quão difícil era trabalhar com ele [Rondo] e que era difícil falar com ele e assim.", diz Dooling. "Eu nem sabia o que esperar. Ele tinha reputação de ser distante, super esperto, e super emocional - mas, tenho que vos dizer, estas são as características dos grandes homens. Muitos grandes homens odiavam autoridade e odiavam o sistema porque eram apaixonados pelas suas próprias crenças, porque eles anteviam um melhor caminho."

Além de ter caído de para-quedas numa super equipa, Keyon Dooling caiu nas boas graças de Doc Rivers, o treinador. E Dooling precisava de Doc como de pão para a boca. A relação entre ambos foi uma das razões do sucesso dos Boston. Doc sabia que os jogadores não o queriam ouvir a toda a hora. Jogadores experientes como Garnett, Pierce ou Allen, levavam uma década de liga, é desgastante ter um treinador chico-esperto a dizer-lhes a cada minuto o que devem fazer. Rivers sabia isso e para não saturar a imagem usava Dooling. Dooling sabia disso e abraçou o papel.

"Tudo começou a meio da época." confessou Dooling. "Ele [Doc Rivers] começou: Keyon! O Rondo não está connosco esta noite, preciso que o acordes.", ou então, "A cabeça do Paul [Pierce] não está no lugar hoje. Muda-me isso.", ou "Diz ao Kevin para ir lá para baixo, nós precisamos que ele comece a marcar." Ele dizia-me estas coisas e afastava-se. E eu não tinha escolha. Tinha que ir falar com estes futuros Hall of Famers."

"Fui incumbido da responsabilidade de dizer a estes tipos o que tinham de fazer e não sei bem como, mas as coisas funcionavam. Ele [Doc Rivers] sabia que eles não queriam ouvir a voz dele o tempo todo, eu já tinha alguma experiência e alguma capacidade de liderança que me tornava alguém a quem eles fossem ouvir."

Flexin Them
Hoje em dia vemos as pessoas da bancada dos Celtics a fazerem o Flexin e ninguém sabe muito bem de onde veio aquilo. Os tempos dos Celtics são outros hoje em dia, mas tudo começou com Keyon Dooling. "Eu e o Marquis Daniels começamos a fazer uma palhaçada com mãos-acima-mãos-abaixo. Festejamos assim e era uma maneira do banco mostrar aos do campo que estávamos com eles. Mas não era nada de mais. Era só uma coisa que fazíamos. Uma vez no regresso dum jogo, estávamos a ver o video do jogo e o alguém reparou naquilo. "O que é aquilo que estavas a fazer?" e eu respondi: "Sei lá. Estou só a fazer Flexin para eles." e aquilo ficou. Quando demos conta as bancadas já o faziam."




O Reverendo

"Jogo 5 das Meias-Finais da Conferência de Este, estavamos a jogar contra os Pihladelphia 76ers." conta-nos Dooling. "Series empatadas 2-2. Perdíamos ao intervalo por 50-47. O balneário estava em baixo e eu via que olhavam para mim à espera que dissesse algo. E então eu disse."

"Eu preciso de vocês esta noite." começava o discurso do Reverendo Dooling. "Tudo o que tiverem, eu preciso. Ouçam, nós temos um trabalho para fazer. Se o vosso trabalho é estar no banco a apoiar então eu preciso que apoiem. Se o vosso trabalho é defender, então porra, defendam! Se o vosso trabalho é ganhar ressaltos, é bom que comecem a ganhá-los. Eu preciso de vocês! Eu estou convosco. Eu estou metido nisto até à última. Eu corro de cabeça contra uma parede por vossa causa se for preciso. Eu não quero saber de mais nada a não ser esta equipa."

O jogo acabou 101-85, e no final Brandon Bass, colega de quipa de Dooling nos Celtics, deu uma entrevista onde confessou que o segredo para uma vitória tão dilatada foi o sermão do Reverendo Dooling ao intervalo. E assim ficou.

Sem comentários:

Don't Forget To Join US Our Community
×
blogger tipsblogger templatesWidget